12 de abril de 2007

O dilema cristão

A fé cristã, nos dias atuais, está cada vez mais próxima de seguir dois caminhos, a saber, ou entende que a secularização do mundo é conseqüência de seus próprios princípios, abrindo-se para o novo sem medo de ser feliz; ou afirma truculentamente que o cristianismo tem um novo inimigo com o adjetivo moderno, fechando-se num fundamentalismo do tipo mais estúpido possível, como proibição de preservativos, defesa de infalibilidade de Bíblia ou de papa, perseguição a hereges, e por aí vai. Se seguir o primeiro caminho, será, como sempre foi, a religião que se diferenciou pela capacidade de se adaptar ao novo. Se seguir o segundo, será uma religião, entre muitas, que se pretende a melhor, custe o que custar.

2 comentários:

Cátia disse...

Felipe, acho que tocaste num ponto fundamental... Acho que muita gente sente a necessidade de uma evolução da igreja (o que não significa que seja mau...). Eu espero...! Acho que existem mensagens que já não são compreensiveis nos dias que correm... E essa falta de comprensão afasta muita gente, não da fé mas da igreja... principalmente os jovens!

Um grande bem há-ja para ti, pelas tuas palavras...
Um beijo

Anónimo disse...

Deparamo-nos com certas mudanças que nos surpreendem e que chegam a nos questionar sobre até onde é capaz de ir o homem com a sua mentalidade secularizada.
É importante saber o que vem a ser "secularização", pois por vezes vivemos a nossa vida sem perceber o que realmente acontece na nossa sociedade, ao nosso redor. Chegamos a aplaudir fatos e acontecimentos sem que percebamos o imenso mal que podem nos fazer. Diariamente recebemos muitas informações que são fontes de uma espécie de "indiferentismo religioso e do ateísmo nas suas mais variadas formas, particularmente naquela que hoje talvez seja a mais espalhada: a do secularismo.
É preciso entender o que é secularização, e também por que o Santo Padre pede com urgência uma nova evangelização.
De facto a ciência traz grandes benefícios, mas quando valorizam a pessoa humana só pelo que ela tem e não pelo que ela é de fato, deixam de ser benefícios para se tornarem um mal.
o homem usa de seus conhecimentos técnicos, dons concedidos gratuitamente por Deus, de uma forma errada, ou que o fascinam por suas próprias conquistas, esquecendo-se de que é uma criatura. Assim, torna-se atual a velha tentação de "querer ser como Deus" (Gn 3,5). Usando de uma liberdade sem parâmetros, o homem vai eliminando as raízes religiosas que estão no fundo do seu ser. Ele vai esquecendo-se de Deus. Muitos quiseram propagar a "morte de Deus" na cabeça e no coração do povo. Apesar de não terem conseguido muita coisa, ainda hoje há alguns que querem ser "Deus", ou tornar Deus um ser insignificante, sem valor.
A secularização atinge muitos setores da vida humana, roubando-lhes o sentido de pertencer a Deus e tê-lo como pertença maior. Não só o indivíduo, mas a família, a comunidade, a sociedade entram nesse sistema, e por isso o Santo Padre grita pela nova evangelização, por um retorno a Deus, porque uma vez secularizado, o homem tornou-se só, vazio, amargo, triste e perdido. Roda em círculos procurando uma felicidade que pensa estar nas suas descobertas, fora de Deus, ou seja, uma felicidade em que ele é o centro de tudo, o que não é verdade, bem sabemos.

É um grande desafio para a evangelização enfrentar neste mundo cada vez mais secularizado. É um grande desafio apresentar Jesus a este mundo descrente que prefere apostar em si mesmo do que se deixar amar por Deus. Mas não deve ser um desestímulo para nós, que acreditamos e experimentamos a cada dia o amor de Deus, muito pelo contrário, quanto mais se observar que o mundo está mergulhado em uma cultura secularizada, se afastando de Deus, que o homem não ama mais a seu Deus e ao seu próximo, aí é que devemos anunciar o Amor. "Apesar de tudo, portanto, a humanidade pode e deve ter esperança: o Evangelho vivo e pessoal, Jesus Cristo em pessoa, é a "notícia" nova e portadora de alegria que a Igreja cada dia anuncia e testemunha a todos os homens" (CL 19,7). Não podemos desanimar uma vez que temos Jesus Cristo como centro de nossas vidas.

Lutemos, pois, para que Deus seja novamente posto no seu devido lugar: o coração do homem, o coração da sociedade.