Não era minha intenção intimidar as pessoas no seu partilhar... Por isso também eu partilho.
O dia já vai longo. Correu bem, tenho o espírito cheio. Cheio de alegrias e vitórias, canseiras e tristezas. Como me custa abstrair-me de mim próprio, do meu mundo e da minha vida. Sou novo, tenho energia. Tudo quero viver, tudo ver, tudo sentir! O mundo pisca-me o olho… São luzes, são cores e risos, são contrastes que me maravilham.
E então, no escuro do coração que desconcentrado tenta rezar umas palavras para dormir, surges numa manjedoura… Relembras-me Menino que nem tudo é assim. Há um mundo que em silêncio vai (discretamente) nascendo como o sol. A Tua simplicidade intriga-me. A curiosidade acalma o coração e aviva o espírito. É curioso! Preenches! Mas onde estão as luzes e os risos? O que me atrai? As palhinhas? A estrela no céu? A vaquinha? Talvez simplesmente a alegria de um menino recém-nascido?
Sorris. Desarmas-me e deixo-me envolver nesse sorriso. Sorrio Contigo. Mentalmente revisito o Sacrário. Como me custa as vezes o estéril sacrário Jesus. Parece que fugiste. Está lá uma luzinha mas eu tenho o meu coração fechado. “Coração?”-perguntas-me Tu. E eu fico pensante. Lembro-me de uma catequese… de me ensinarem que diante de mim está o Teu coração. Sim, um coração de carne, que bateu no seio de Tua mãe. Igual em tudo ao meu que sinto latejar no meu peito.
De repente sinto a pedra que tenho dentro de mim: É verdade… Bem queres que os nossos corações sejam iguais! Ofereces-Te no Teu coração todos os dias nos altares das Igrejas para que o nosso pulsar seja um só. E que faço eu com isso? As vezes nada… ou mais grave ainda, sorrio pela pedra dura que tenho no peito clamando “o nosso coração está em Deus” numa rotina que não se quer deixar maravilhar, convencida que tudo percebe e tudo sente.
Revisito o sacrário e vejo a cruz. Pergunto-me onde estava o Teu coração nesses momentos? E segredas-me ao ouvido “Ao teu lado, sempre esteve ao teu lado, pulsando e batendo por ti até à última batida!” e sorridente acrescentas “Se acreditares, hoje mesmo estarás Comigo no paraíso”. Relembro-me dos dois ladrões… Revejo-me neles. Duvido do meu coração e da minha sabedoria… Diante de um foragido crucificado veria eu a minha salvação? Provavelmente não… Tenho um coração duro e sei muito pouco!
E maravilhas-me… Consentes que me afaste de mim próprio e veja um pouco do mistério: um coração duro e empedernido que na ternura do Teu pulsar queres fazer bater para encher de Vida. E o mundo desvanece…
Olhando para o dia que termina consigo toscamente reconhecer o Teu sorriso naqueles que ajudei, o Teu chorar naqueles que maldosamente abandonei, a Tua força nos momentos em que venci e a coroa de espinhos que Te ofereci na maldade que consenti. Apercebo-me que és um Deus vivo, actuante e concreto.
E sereno apercebo-me o quanto o essencial é invisível aos olhos, sinto o meu coração timidamente dar uma batida e apercebo-me que foste Tu quem o fez bater. Percebo que todo o resto virá por acréscimo… Os pedidos de desculpa que terei de fazer, os agradecimentos que terei de dar e a sabedoria e caridade que as surpresas que o amanhã me reserva exigirão.
Muito obrigado, tem uma boa noite e até amanhã!
E tu? Porque vais a Missa? Partilha!
17 de abril de 2007
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7 comentários:
Gostei bastante do que li Egofonias e penso que entendi bem melhor o anterior. Não basta não, falar dEle - às vezes preocupo-me se O invoco em vão, quando o propósito deverá ser 'trazê-Lo' connosco e a outros. E isso, tu conseguiste e inclusivamente emocionar-me.
Parabens também pela tua escrita que é bem bonita.
Um abraço.
Vou à Missa porque Te encontro no Pão - tb o da Palavra - que levanta a minha vida todos os dias!
Vou à Missa porque a vida está cheia de motivos de gratidão...
Vou à Missa porque aí percebo melhor o sentido do serviço aos irmãos e irmãs de perto e de longe e a solidariedade para com a Criação inteira!
Vou à missa porque necessito de renovar em mim a opção que fiz de O seguir, vou à missa para me deixar interpelar pela Sua voz, vou à missa porque desejo viver a comunhão verdadeira com os meus irmãos.
Um forte Abraço NELE, pcl.
Realmente só tu para quebrar os meus horizontes e o meu "fazes bem em ires que eu não vou".
Li por estes dias um texto que fala muito disso pelos dois lados, mas sobretudo do perigo de se "picar o ponto" sem se comprometer muito.
Gostei de ler o teu texto tão...-como adoras que diga-...RADICAL!
Abraços...
Olá Egofonias
Este teu post não é pacífico.
Quando o li, não concordei, mais uma vez, com o seu matiz...e senti-me indeciso. Devo ou não comentá-lo?...
Refreei-me para reflectir.
Hoje voltei a ele. e vi claramente que , enquanto fizer parte do blogue para que fui convidado, eu devo dizer o que penso, e, isso, sim partilhar a minha opinião construtiva.
Co0ntinuo sem saber se és ou não o dono da ideia geradora do blogue. e não compreendo as reticências. Sim, sim, não, não...
Se és não tens espaço para usares o termo intimidação...nem que seja no contexto em que o como fazes...
Partilha o que quiseres...não incites ninguém a que partilhe o que tu entendas "dever" ser... nem sequer entendas "merecer" ser partilhado...
A maneira de obter essa partilha está errada. Destrói as bases do blogue. Aqui deve reinar a espontaneidade, a transparência, a verdade...e por aí fora...
Se , sendo dono do blogue pretendes ser líder, timoneiro,
- agora, vamos para aqui..
-agora, vamos p'r'acolá...
-isto está certo...
- isto está errado...
não contes comigo. Risca já o meu nome. Mas tem a ombridade de publicar este comentário.
Se não és o dono...então, a tua "provocação" terá o valor que cada um quiser dar-lhe. E eu, por mim, limito-me a respeitar e nada mais. Mas não digo a ninguém porque é que vou à Missa...
Pela simples razão de que há perguntas que não se devem fazer...
se antecedidas da daquela tua primeira frase escrita em itálico. Para mim, uma desagradável e desnecessária cacofonia...relativamente à partilha do teu exame de consciência-balanço que fazes a seguir...Um abraço
Joaquim Gomes
(bico de pato)
Não, nao sou dono do blog!
Não, não sou seu timoneiro, nem o quero ser!
Fazendo minhas as tuas palavras...
"então, a tua (minha) "provocação" terá o valor que cada um quiser dar-lhe."
Por outro lado, o desafio não inibiu em nada a liberdade de quem se sentiu desafiado e optou por responder,como não inibiu a de quem achou o post irrelevante e nem sequer se deu ao trabalho de o ler na integralidade.
Finalmente, voltando a citar-te: enquanto fizer parte do blogue para que fui convidado, eu devo dizer o que penso, e, isso, sim partilhar a minha opinião construtiva.
Porque em verdade, ainda que com erros e dentro dos meus limites, não sinto que nalgum ponto tenha, pelo menos, deixado de tentar ser construtivo.
Abraço
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